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A Intervenção da Fisioterapia na Dor Crónica



A dor é um fenómeno complexo, multifatorial que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo a dor crónica (dor persistente por mais de três meses) um desafio de saúde pública que poderá incapacitar a pessoa permanentemente. Atualmente a dor crónica assume-se como uma disfunção per si, sendo fundamental a compreensão dos mecanismos cerebrais de cada indivíduo. Assim, na maioria dos casos, o diagnóstico estrutural não explica a dor, pelo que se revela fundamental, compreender o indivíduo como um todo e não apenas procurar um diagnóstico. É essencial avaliar os fatores envolventes, bem com, a forma como esses fatores interferem com o indíviduo e quais as respostas neuro-imunológicas desencadeadas na defesa do seu corpo. Devido a este facto, é fundamental que a abordagem da Fisioterapia se adeque à crescente evidência da Neurociência. Habitualmente, movemo-nos por duas razões básicas: por prazer ou para cumprir um determinado objetivo, não sendo necessário pensar no movimento para o realizar. Porém, na presença de uma dor, o movimento fica condicionado, pois antes de iniciar a tarefa, o cérebro pensa “se vai doer" ou "se será melhor não se mexer". Devido a este facto, toda a funcionalidade fica alterada pois a dor conduz o próprio pensamento e, consequentemente, o comportamento do indivíduo. A dor surge por um conjunto de mecanismos de protecção do sistema nervoso, associada à inflamação, ao espasmo muscular protetivo e à alteração do padrão de movimento. Assim, através da compreensão dos sistemas de proteção, poderão diminuir-se as reacções fisiológicas de defesa, o que permitirá controlar a dor. Ao longo dos anos, Fisioterapeutas internacionais especializados no estudo da dor, têm desenvolvido instrumentos que consideram o indivíduo como o centro no processo terapêutico, permitindo ao próprio indivíduo compreender a sua condição, o que lhe permitirá viver uma vida livre de dor, readquirindo prazer no movimento. Por outro lado, também o Fisioterapeuta poderá conhecer a complexidade e especificidade de cada indivíduo, o que permite uma mudança de paradigma: considerar o indivíduo como um ser global e único e não apenas a sua lesão, surgindo o conceito de Saúde Positiva. A evidência demonstra que a dor se manifesta quando existe um sentimento de perigo ou ameaça superior ao sentimento de segurança. Assim, se o indíviduo compreender a forma como o seu cérebro funciona, poderá modificar os seus pensamentos, crenças e comportamentos, modificando a dor como resposta cerebral. A mudança de paradigma passa, assim, por adquirir hábitos de vida saudáveis (alimentação, sono, gestão de stress, pessoas, contextos, etc.) e explorar todas as formas de movimento com cada indivíduo, independentemente do seu diagnóstico. Na grande maioria dos casos, o problema não está em conhecer o "estado" dos ossos ou articulações (através de exames), mas na associação que se estabelece entre o exame e o quadro clínico. Mais importante do que o diagnóstico imagiológico, é a integração de uma vida ativa, dinâmica e auto-sustentada, na qual a Fisioterapia, através do conhecimento científico mais atualizado, poderá ter um importante contributo.

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